Beyoncé, Pink, Justin... nenhum deles se atreveria a usar vocais pré-gravados durante seus shows ao vivo, apesar da complexa coreografia de suas performances. Madonna e Janet são culpadas por usar base musical para dar força aos vocais, mas certamente não durante todas as músicas. Droga, até as Pussycat Dolls cantam ao vivo.
Mas Britney? Ela é, e sempre foi, usuária óbvia e assumida de playback. O caso é o seguinte: na parada de New York de sua esperada turnê de regresso, Spears usou a própria voz ao vivo apenas três vezes — duas vezes para agradecer à platéia e uma vez para cantar uma balada (apesar de os vocais durante o número também terem sido questionados). Até mesmo as partes faladas durante as músicas foram dubladas. Em algum lugar, Ashlee Simpson tem um alvo de dardos com o rosto de Britney bem no centro.
Obviamente, nada disso impediu os 16 mil fãs de gritar e aplaudir o ícone ressuscitado no Nassau Coliseum na noite de quarta-feira. Britney meramente dublou suas músicas, mas a platéia gritava as letras de todos os hits com a voz mais alta que conseguiam — mesmo sendo óbvio que eles eram os únicos cantando de verdade.
Por que Britney é bajulada enquanto outros popstars recebem críticas? Será que o público dela se tornou mais compreensivo depois de assistir sua luta heróica contra seus próprios demônios durante os últimos anos? Talvez, mas só simpatia não lota nenhuma arena.
A verdade é que a proeza vocal nunca foi o combustível que alimenta a Máquina Britney. Cantar simplesmente não é o segredo. Spears é uma entertainer; o tipo de garota que dá um show. E apesar do que acontece por trás das cortinas, a Circus Tour de Britney é indiscutivelmente um show.
Focando-se largamente nos seus últimos três álbuns, a primeira turnê de Spears em cinco anos é um espetáculo deslumbrante, atrevido, circular que é um Cirque de Soliel, um pequeno Skinemax, mas com Britney no comando. Planejado para mostrar seus melhores lados (como por exemplo sua apurada habilidade de dança) e distrair suas falhas, o show repleto de coreografias conta com uma variedade de acrobatas flutuando sobre o palco, mágicos, palhaços e não menos que 12 dançarinos no palco durante todo o show. A escala do espetáculo é tão sólida que às vezes ameaça encobrir a estrela principal. Ainda assim, apesar de toda a fumaça e os espelhos, o aspecto mais fascinante do show continua sendo a própria Britney.
Parecendo mais viva (e mais em forma) do que ela esteve em uma década, Spears troca de figurino 12 vezes enquanto agita a platéia com 17 músicas que incluem seus maiores sucessos, incluindo Piece Of Me, Toxic, Womanizer e novos remixes de Slave 4 U e ...Baby One More Time.
Depois de anos estudando os repertórios de Madonna e Janet Jackson, Britney aprendeu uma ou duas coisas sobre apresentações. Enquanto não está desfilando de um lado da arena para o outro, Spears tem várias outras maneiras tentadoras de manter a atenção da platéia. Em um minuto ela estava sendo partida ao meio. No outro instante ela estava suspensa a 6 metros do chão. Se ela não estava se debatendo em uma jaula dourada, ela estava no centro do palco dançando no colo de algum membro muito sortudo da platéia.
Mas o entretenimento não foi o único gol de Britney. Mais do que qualquer coisa, ela quer que essa turnê prove ao mundo que ela está mais forte que ontem, e que ela está de volta ao controle do seu próprio circo. Sua coleção de figurinos autoritários (Líder Sexy do Picadeiro! Sargento Sexy de Treinamento! Policial Sexy!) ajudaram o objetivo a ser alcançado, mas a maior evidência do renascimento de Spears foi simplesmente a confiança e o vigor por trás da performance. Pela primeira vez em anos ela realmente suou pelos aplausos — e, assim como a Britney que nós conhecemos no passado, ela parecia estar se divertindo enquanto fazia isso.
Graças ao seu entusiasmo contagiante, Spears conseguiu fazer o maior truque de todos — ela apagou a imagem de diva triste e determinada que ela tem recebido dos tablóides durante os últimos anos. E para muitos fãs, só isso já é motivo para uma ovação.
Crédito: Billboard
Simplesmente um review “de cair o queixo”, não?
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